Clésio Andrade do Sest/Senat envolvido em escândalo

A Polícia Civil do Distrito Federal cumpre, na manhã desta sexta-feira (19-09-14), cinco mandados de prisão de suspeitos de desvio de recursos do Serviço Social do Transporte (Sest) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), em Brasília e em Minas Gerais. 
Até as 8h30, quatro pessoas haviam sido presas na Operação São Cristóvão. De acordo com a corporação, um grupo de diretores da instituição é suspeito de envolvimento em um esquema de desvio de recursos da União, repassados ao Sest/Senat entre 2011 e 2012 para a realização de cursos profissionalizantes. Não foi informado se os diretores estão entres os presos. O prejuízo confirmado passa dos R$ 20 milhões, conforme a polícia. Entre os envolvidos no esquema de desvio de recursos estaria o ex-senador e ex-presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Clésio Andrade (PMDB-MG). Ele foi vice-governador de Minas entre 2003 e 2006, durante o primeiro mandato de Aécio Neves. Policiais do estado também foram acionados para auxiliar na operação. 
O ex-parlamentar é réu no caso conhecido como mensalão tucano. Na ação penal, Clésio é acusado de peculato e lavagem de dinheiro por ter, supostamente, tentado ocultar recursos recebidos de Marcos Valério na campanha de Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998 – Clésio Andrade era candidato a vice. Segundo os agentes da operação, diretores receberam gratificações salariais milionárias nesse período. A entidade teria falsificado documentos para justificar os pagamentos à Controladoria-Geral da União (CGU). A Polícia Civil informou que o dinheiro também foi usado para firmar contratos suspeitos com empresas de parentes de membros da diretoria do Sest/Senat. NÃO É DE HOJE... A Controladoria-Geral da União (CGU), órgão da Presidência da República, investigou a gestão de Clésio como presidente do sistema que engloba a CNT e duas outras entidades a ela ligadas, o Serviço Social do Transporte (Sest) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) e afirma ter identificado irregularidades. Os auditores acusam Clésio de, nos últimos anos, ter entregado mais de R$ 100 milhões a uma empresa e a um instituto que mantêm laços com ele próprio. Por isso, a CGU classificou como “irregular” a gestão de Clésio à frente do Sest e do Senat em 2011. A empresa que aparece no relatório da CGU é a construtora Diedro, de Belo Horizonte. Entre 2008 e 2010, a Diedro ganhou oito dos 12 contratos para construir de unidades do Sest e do Senat. Com isso, faturou R$ 82 milhões. A CGU também identificou vínculos comerciais do senador Clésio com Bruno Bedinelli Filho, dono da Diedro. Bedinelli vendeu a Clésio, em 2009, uma fazenda no interior de Minas Gerais por R$ 12 milhões. No mesmo ano, Sest e Senat promoviam licitações em que a Diedro, de Bedinelli, participava e ganhava. Isso, para a CGU, caracteriza “interesse econômico entre os envolvidos (Clésio e Bedinelli)”. A segunda parte das irregularidades apontadas pela CGU envolve o repasse de R$ 26 milhões do Sest e do Senat ao Instituto Assistencial do Transporte – Rhodes entre 2004 e 2011. Causou estranheza à CGU o fato de o presidente do Instituto Rhodes ser o mesmo do conselho do Sest e do Senat – ele mesmo, Clésio Andrade. Do total do dinheiro amealhado pelo Rhodes, quase R$ 22 milhões desapareceram, de acordo com os auditores. Nos anos de 2003 e 2004, a CNT – presidida por Clésio – protagonizou uma operação considerada suspeita pelo Ministério Público (MP) de Minas Gerais. De acordo com o MP, uma assessora de Clésio comandou um esquema em que R$ 31 milhões foram sacados pela CNT na boca do caixa de diversas agências bancárias. Esses valores faziam parte de um montante de R$ 46 milhões, destinados pelo Sest e pelo Senat a duas entidades: o Instituto de Desenvolvimento, Assistência Técnica e Qualidade em Transporte (Idaq) e o Instituto João Alfredo Andrade (IJAA). Os promotores afirmam que, a exemplo do que ocorreu com o Instituto Rhodes, não houve prestação de contas. Parte dos saques, cerca de R$ 7 milhões, foi feita na mesma agência do Banco Rural em Brasília, onde parlamentares da base aliada do governo Lula fizeram os saques do esquema do mensalão, comandado – de acordo com o Supremo Tribunal Federal – pelo ex-ministro José Dirceu e operado por Delúbio Soares e pelo lobista Marcos Valério.

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