A prostituição em Maringá segundo o Diário

Em Maringá, a oferta de serviços sexuais também tem endereço fixo, discreto e disponível em horário comercial. Penetradas em bairros familiares, em meio a padarias, salões de cabeleireiros e farmácias, as casas de garotas de programa se popularizam na cidade. Muitas dessas ignoram os artigos 229 e 230 do Código Penal, que criminaliza a manutenção de estabelecimentos em que ocorra exploração sexual. Participação diretamente dos lucros da prostituição alheia é crime. 

A administradora de um desses estabelecimentos conta que o mercado do sexo está aquecido em Maringá, e já perdeu as contas das casas que surgiram nos últimos dez anos, desde que iniciou no ramo. Sem muito esforço da memória, cita dez bairros que contam com estabelecimentos concorrentes. Ela cede a residência, a clientela fiel e o suporte às garotas, em contrapartida, dividem os lucros dos programas. Explica que como qualquer outro ramo, há alguém que "encabeça" o negócio, mas isso não é sinônimo de exploração. Em todo caso, para evitar mal-entendidos, nesse mundo explícito, o sigilo é praxe. 
À tarde Em um sobrado, a porta está aberta e a placa de "seja bem-vindo" é o convite para subir as escadas e elevar a libido. Naquela tarde foi registrado o recorde de temperatura deste inverno, 34,6 graus. Vestidas em seus trajes minúsculos, deixavam transparecer por entre as coxas e no profundo decote que lá dentro a sensação térmica era ainda mais quente. Ao ouvir o barulho do sensor instalado no pé da escada, as cinco largaram os afazeres, o sono e a conversa imediatamente.
 Enfileiraram-se na frente de um rapaz jovem, no máximo 30 anos, alto, moreno, que chegou já suado e com uniforme de trabalho. Ficou sentado no sofá de dois lugares forrado com um cobertor estampado com rosas vermelhas. Disse que a visita era breve, que queria apenas saber como funcionava o esquema, pois estava no meio do expediente. "Você pode escolher qualquer uma das cinco, a que mais te agradar. É R$ 130 meia hora, R$ 150 uma hora", disse Fernanda. Ele se fez de tímido e disse que não podia demorar, que voltaria em outra oportunidade. 
Diferente do moço, Fernanda mostrou que não brinca em serviço e, com voz insinuante, intimou-o. "Já que veio até aqui aproveita para dar uma namoradinha, olha só quanta menina linda." Milena foi a escolhida. Faturou meia hora. "Prefiro assim, 30 minutos dá para fazer o serviço logo e passar para o próximo." Levou o moço à porta vestida com um roupão com estampa do ursinho Pooh, descabelada e praticamente sem o batom vermelho que antes pintava seus lábios carnudos. Prova cabal de que o cliente a agradou. "Só beijo na boca dos que valem a pena." Nas contas delas, a cada 10 clientes, dois "dá para encarar". (Odiário)

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