Primeiro foi Amarildo, agora foi a viúva que desapareceu

A família do pedreiro Amarildo de Souza, que desapareceu após ter sido conduzido à sede da Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha, na zona sul do Rio, na noite de 14 de julho de 2013, está vivendo um novo drama. Isto porque a viúva Elisabeth Gomes da Silva, 48, está sumida há dez dias, desde 30 de junho, quando foi vista pela última vez embriagada na Rocinha, segundo disse Michele Lacerda, sobrinha do casal. A familiar afirmou que os filhos de Elisabeth farão o boletim de ocorrência de seu desaparecimento na 11ª DP -o casal tem oito filhos.

-Atualizado: Dada como desaparecida há dez dias pela família, a viúva do pedreiro Amarildo de Souza fez contato com um genro que mora em Macaé, no norte do Estado, que retransmitiu a informação aos filhos dela, que moram na Rocinha, zona sul. De acordo com a sobrinha Michele Lacerda, a viúva Elisabeth Gomes da Silva, 48, está na cidade de Cabo Frio, na Região dos Lagos, com o namorado.

Segundo Michele, sua tia estava profundamente deprimida devido à proximidade do aniversário de um ano do desaparecimento do marido, que teria sido torturado e morto após ser levado para depor na UPP da Rocinha. "Ela já estava mal, mas em junho os problemas se intensificaram, quando passou a beber compulsivamente e consumir drogas", disse Michele. Segundo ela, a família acredita que Elisabeth esteja perdida na própria comunidade. Para certificar-se que de a viúva não viajou para outras cidades, a família ligou para parentes em Macaé, no norte fluminense, e no Rio Grande do Norte, de onde Elisabeth é natural e onde vivem seus irmãos. O advogado da família de Amarildo, João Tancredo, confirmou as informações de Michele e afirmou que Elisabeth "perdeu o esteio", já que o pedreiro era quem dava suporte dentro de casa. Para o advogado, a viúva deve estar desorientada e sem conseguir voltar para casa. Elisabeth trabalha como diarista e tem direito a atendimento psicológico conferido pela Justiça, mas, segundo a família, ela tem faltado ao tratamento. Além de registrar o BO na polícia, a família pretende procurá-la, a partir de agora, em hospitais e no necrotério. RELEMBRE O CASO O ajudante de pedreiro Amarildo de Souza desapareceu em 14 de julho de 2013, após ter sido detido por policiais militares na porta de sua casa, na favela da Rocinha, e levado à UPP da favela. Ele teria sido submetido à tortura e morrido na unidade policial. O corpo do pedreiro nunca foi encontrado. Seu desaparecimento se tornou símbolo de casos de abuso de autoridade e violência policial, e deu origem a diversos protestos no ano passado. A Polícia Militar do Rio concluiu no início deste mês inquérito em que investigou os PMs envolvidos no caso. O inquérito da PM aponta que os policiais envolvidos cometeram crimes passíveis de punição pela Justiça Comum, e não devem responder pelos mesmos crimes na Justiça Militar. De acordo com o documento, todos os policiais militares tiveram participação nos crimes, o que inclui o major Edson dos Santos, ex-comandante da UPP da Rocinha. O inquérito será encaminhado para o Ministério Público Militar. O documento também concluiu pela elevação de 25 para 29 os policiais envolvidos os quatro incluídos teriam atuado principalmente no convencimento de testemunhas, instadas a mentirem ao depor. Segundo a PM, todos os 29 praças correm risco de expulsão da corporação.

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