E o pau quebra no motel

Sábado à tarde, a Copa do Mundo correndo solta e um casal resolve quebrar a rotina indo a uma alcova de aluguel. Já no motel, decidem que é preciso algo mais para apimentar a relação. Uma troca de casais é proposta - e a mulher, surpreendentemente, aceita. Ligam para um casal amigo, também vítima dessa mesmice que mina as relações após algum tempo. E não é que eles topam a parada? 
Acertam os detalhes pelo telefone, fornecem o endereço e aguardam os convidados. O outro casal chega, bebidas são servidas para quebrar o gelo, rapidamente as roupas de todos jazem sobre o carpete vermelho. E tudo ia bem, corpos nus em profusão de movimentos, susurros e gemidos, os reflexos embolados no espelho do teto... Mas o sexo sem limite cruza uma fronteira polêmica. O homem resolve explorar sua sexualidade com mais profundidade e começa a trocar ousadas carícias com o amigo. O que se sabe é que, apesar de uma das mulheres parecer indiferente, a outra não gostou do que viu. A proposta inicial do marido não revelava que ele também queria molhar o biscoito com alguém do mesmo sexo. A suruba vira sururu. Incompreendido, o homem parte para cima da mulher. Macho refeito, desfere um safanão na companheira. A polícia é chamada, o entusiasta orgiástico foge e deixa a cargo do casal amigo e da mulher as explicações sobre a bacanal que acabou em pancadaria e da cena de amor livre que virou ódio incontido. Perplexos, os homens da lei fazem o boletim de ocorrência. Tiradas as peculiaridades do caso, trata-se de uma queixa de agressão. Lei Maria da Penha nele. O libertino vai responder a inquérito policial. Talvez a mulher acabe perdoando o parceiro pela aventura homoerótica. Mas o safanão... Ah!, esse pode custar caro ao paladino surubesco, até mesmo render pena de prisão. E no breu do xilindró, o que um dia foi fuga da mesmice pode acabar virando rotina. (Odiário)

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